Limão Tahiti: pesquisa promete impulsionar a produção no Nordeste brasileiro

Limão Tahiti: pesquisa promete impulsionar a produção do sabor azedinho do Nordeste

Conheça a pesquisa que promete inovar a produção de limão Tahiti no Nordeste brasileiro.

Com a promessa de impulsionar a produção de lima ácida ‘Tahiti’ – mais conhecida como “limão Tahiti” na região Nordeste, a pesquisa conduzida pelo Dr. Walter dos Santos Soares Filho (Embrapa Mandioca e Fruticultura) e sua equipe, com destaque para o Dr. Marcos Eric Barbosa Brito (Universidade Federal de Sergipe), sob financiamento da Embrapa e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), traz perspectivas animadoras para a citricultura nordestina.

A problemática da produção de limão Tahiti na Região Nordeste

A produtividade de plantas de limão do Nordeste brasileiro é bastante inferior àquelas encontradas nos pomares da região Sudeste – uma média de 12 toneladas contra 30 toneladas segundo o IBGE (2021). Essa disparidade revela o enorme potencial de aumento na produção de limões se condições mais favoráveis de manejo e novas tecnologias sejam estabelecidas nos pomares nordestinos.

Nesse sentido, a implementação de sistemas de irrigação em pomares nordestinos vem melhorando a produtividade das plantas. No entanto, ainda existe um outro fator a ser superado, a alta concentração, em algumas áreas, de sais nas águas e no solo dessa região – plantas cítricas são sensíveis à salinidade e, por isso, apresentam dificuldades em absorver água, o que leva ao estresse hídrico e afeta o crescimento e a produção das plantas.

Para superar esse desafio e melhorar a produção de limões no Nordeste, o grupo de pesquisa do Dr. Walter Soares buscou avaliar o desempenho de diferentes porta-enxertos, já conhecidos e novos desenvolvidos pelo Programa de Melhoramento Genético de Citros da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

“A escolha de um porta-enxerto adequado para condições de salinidade do solo e da água tem o objetivo de garantir um bom desenvolvimento da planta, mesmo em ambientes salinos. Chamamos essa característica de tolerância à salinidade.” Dr. Walter Soares – Embrapa Mandioca e Fruticultura.

definição de porta enxerto - texto limão Tahiti

Descobrindo o melhor porta-enxerto para produção de limões no Nordeste

Existem poucos estudos sobre a combinação de copa/porta-enxerto com tolerância à salinidade para a citricultura brasileira. Com isso, os pesquisadores buscaram avaliar 13 porta-enxertos sob efeito de três níveis de água salina.

“A pesquisa teve duração de dois anos e, além de avaliarmos a produtividade das plantas, também analisamos diversos aspectos fisiológicos, como crescimento, fotossíntese e transpiração, entre outros. Além disso, examinamos o acúmulo de sais no solo, resultado da irrigação com água salina.” Dr. Walter Soares – Embrapa Mandioca e Fruticultura.

O estudo foi conduzido em uma área experimental da Universidade Federal de Sergipe, localizada em Nossa Senhora da Glória. Foram estabelecidos grupos distintos, ou “blocos”, compostos por combinações de copa de limão Tahiti com 13 porta-enxertos. Cada um desses blocos foi submetido a diferentes fontes de irrigação, variando em concentração salina – desde baixa salinidade até níveis intermediários e elevados de sal.

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Nesse contexto, os pesquisadores conseguiram confirmar que o aumento na concentração de sais tem efeitos adversos nas plantas, principalmente na redução do número e tamanho dos frutos. Dentre os 13 porta-enxertos avaliados, três proporcionaram uma maior estabilidade na produção, mesmo em condições de aumento da salinidade.

Os resultados obtidos ressaltam que, mesmo em situações de salinidade intermediária, os porta-enxertos citrandarin ‘Riverside’, tangerineira ‘Sunki Tropical’ e o híbrido trifoliado HTR-069 (citrangor) têm potencial de garantir uma produção satisfatória e estável da lima ácida Tahiti ao longo do tempo.

Dr.-Walter-Soares-limao-Tahiti

“Também mostramos em nosso trabalho que O efeito da salinidade nas plantas cítricas foi osmótico, reduzindo sua fotossíntese líquida e transpiração. Além disso, identificamos que a salinidade também afeta a concentração de nutrientes do solo.” Dr. Walter Soares – Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Resiliência na Citricultura Nordestina

Em um cenário de crescente desafio climático e pressões ambientais, a pesquisa desempenha um papel fundamental em encontrar soluções viáveis para a produção agrícola sustentável.

O estudo realizado em área experimental da Universidade Federal de Sergipe – Campus de Nossa Senhora da Glória, não apenas lança luz sobre a complexa interação entre os porta-enxertos e a salinidade, mas também oferece orientações valiosas para os produtores que enfrentam as adversidades do cultivo dos citros em regiões de salinidade elevada.

Ao identificar variedades de porta-enxertos que mantêm a produtividade e a qualidade das frutas em meio a desafios salinos, a pesquisa proporciona um caminho promissor para aumentar a resiliência da citricultura na região Nordeste do Brasil.

O trabalho conduzido pela equipe do Dr. Walter Soares não apenas destaca a importância da escolha cuidadosa dos porta-enxertos, mas também aponta para a necessidade de abraçar abordagens adaptativas e sustentáveis na agricultura.

Dr.-Walter-Soares-limao-Tahiti

Agora queremos expandir a pesquisa no Semiárido brasileiro. Juntamente ao Instituto Federal Baiano e diversos outros parceiros, estamos planejando novos experimentos envolvendo mais de 20 porta-enxertos sob a copa de Tahiti e da laranjeira Pêra.Dr. Walter Soares – Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Essa pesquisa, além de fornecer informações vitais para os produtores, também contribui para o desenvolvimento de estratégias inovadoras que podem moldar positivamente o futuro da citricultura, permitindo que as gerações vindouras colham os benefícios de um cultivo mais resiliente, produtivo e harmonioso com o meio ambiente.

Referência

Martins, G. O., et al. Salt Tolerance Indicators in ‘Tahiti’ Acid Lime Grafted on 13 Rootstocks. Agriculture 2022, 12, 1673. https://doi.org/10.3390/agriculture12101673.


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