Formas mais sustentáveis de cuidar dos pomares de citros

Formas mais sustentáveis de cuidar dos pomares de citros

Pesquisadores do Centro de Citricultura Sylvio Moreira/IAC, vinculados ao INCT mostram caminhos para pomares de citros mais sustentáveis

A presença de plantas daninhas em pomares de citros implantados no Brasil pode acarretar perdas que chegam a 52% de produtividade.Buscando uma agricultura mais sustentável, uma pesquisa de três anos, liderada pelos pesquisadores Dr. Fernando Alves de Azevedo e Dr. Rodrigo Martinelli, indicou maneiras mais eficazes de lidar com as plantas daninhas nos pomares de citros.

Descubra a diferença e os efeitos da roçada ecológica com a roçada convencional no controle de plantas daninhas em pomares de citros.

Plantas daninhas são aquelas que crescem onde não queremos, competindo com as plantas que queremos cultivar. A “roçada” é uma prática de manejo para remoção dessas plantas, evitando prejuízos na produção de laranjas e outros citros. Dr. Fernando Alves de Azevedo – Centro de Citricultura Sylvio Moreira.

O que é uma agricultura sustentável?

Uma agricultura sustentável utiliza técnicas que permitem controlar pragas, doenças e plantas daninhas, sem prejudicar o solo ou o meio ambiente. Isso envolve evitar mexer muito no solo, manter coberturas vegetais naturais e outras práticas que protejam o ambiente onde crescem nossos alimentos.

Dessa forma, é preciso olhar para as plantas daninhas também como parte da produção e explorar possíveis benefícios à agricultura.

No entanto, em algum momento, será necessário controlar essas plantas daninhas, e existem diferentes tecnologias para isso.

As plantas daninhas não competem com as culturas o ano todo. Podemos usá-las para melhorar o solo e beneficiar nossas plantações. – Dr. Fernando Alves de Azevedo, Centro de Citricultura Sylvio Moreira

O estudo dos pesquisadores do INCT Citros compara diferentes estratégias de controle de plantas daninhas e mostra que usar equipamentos como a “roçadoa ecológica” pode reduzir custos com herbicidas, diminuir a população de plantas daninhas e melhorar a qualidade do solo, tornando os pomares mais sustentáveis.

É possível controlar as plantas daninhas de forma sustentável?

plantas daninhas ser a aplicação de herbicidas e uso da roçadora convencional, os resultados de um experimento de três anos mostram que é possível adoção de estratégias mais sustentáveis.

A principal diferença entre a roçada convencional e ecológica é que na primeira os resíduos das plantas que estão na entrelinha do pomar (espaço entre uma linha de plantio e outra) são cortados e depositados na própria entrelinha enquanto na ecológica essa biomassa cortada é depositada ao redor das plantas de laranja e formam uma cobertura orgânica no solo. Dr. Rodrigo Martinelli – Centro de Citricultura Sylvio Moreira

O experimento foi realizado entre 2017 e 2020 em uma área experimental com o tamanho aproximado de um campo oficial de futebol, no Centro de Citricultura ‘Sylvio Moreira’, do Instituto Agronômico – IAC. Foram usadas 648 plantas de laranja divididas em diferentes tratamentos.

Primeiramente o experimento foi dividido em duas áreas:

  1. Recebeu tratamento com roçadora convencional
  2. Recebeu tratamento com roçadora ecológica

Tanto a área “A” quanto área “B” foram subdivididas em 12 subáreas – cada uma abrangendo 54 plantas. Essas subáreas recebiam tratamentos diferentes, incluindo controle físico, com roçagens no espaço entre as plantas de citros (sem herbicidas), e controle químico, com aplicação de diferentes tipos de herbicidas (aplicados isoladamente e/ou em conjunto) herbicidas que ficam agindo no solo e herbicidas que agem somente na área das folhas das plantas daninhas).

Resultados direcionam para uma agricultura mais sustentável

Ficou claro para os pesquisadores que o controle de plantas daninhas é importante. Independente do tratamento utilizado, as plantas de citros eram em média 89% mais produtivas quando havia o controle das plantas daninhas. O que significa mais laranja por planta e consequentemente no mercado.

No entanto, os pesquisadores também comprovaram que o controle de plantas daninhas em áreas em que foi utilizado a roçadeira ecológica, as plantas de laranja tiveram melhor desenvolvimento e consequentemente maior produtividade (até 90% a mais) do que aquelas que estavam nas áreas onde foi utilizado a roçadeira convencional.

O trabalho também destaca que o retorno financeiro é muito maior quando utilizado a roçadeira ecológica, independentemente do tipo de controle de planta daninha utilizado (mecânico ou químico), o que é devido aos demais benefícios além do controle de plantas daninhas, conforme mencionado anteriormente.

A cobertura orgânica criada pelo uso da roçadeira ecológica traz benefícios para o pomar e solo. Como maior controle de plantas daninhas ao longo do tempo, maiores níveis de fertilidade do solo e da nutrição das plantas, maiores teores de umidade do solo, melhor qualidade microbiológica, entre outros. Dr. Fernando Alves de Azevedo – Centro de Citricultura Sylvio Moreira.

É o primeiro estudo a mostrar pela primeira vez na literatura a boa interação da roçagem ecológica com herbicidas residuais. Os pesquisadores mostram que é possível melhorar a microbiota do solo e acelerar o processo de biodegradação dos herbicidas – visto que dentre os herbicidas residuais utilizados, todos tem a degradação microbiana como a principal forma de dissipação do herbicida no ambiente, impedindo que ele permaneça no ambiente ou nos frutos comercializados.

São resultados que abrem caminhos para pomares de citros mais sustentáveis.

Referências

Martinelli, R., et al. The impacts of ecological mowing combined with conventional mechanical or herbicide management on weeds in orange orchards. Weed Research, 2022.

Martinelli, R. Manejo sustentável de plantas daninhas em citros: implicações do glyphosate no metabolismo da cultura e estratégias de controle. Tese submetida como requisito parcial para obtenção de grau de Doutor em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola, 2021.


Conteúdo desenvolvido por: Descascando a Ciência

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